quarta-feira, 13 de abril de 2011

A culpa é de quem?


O massacre de alunos em instituições de ensino, que geralmente somente ocorria em outros países, finalmente ocorreu em terras tupiniquins, e de tanto a imprensa/sociedade rotular o sujeito que realizou tais atos como monstro, covarde, entre outros adjetivos, deveria sim, se responsabilizar pela criação do grave desvio de conduta deste rapaz, isto mesmo a sociedade criou este sociopata.
Não rotularei o sujeito como um psicopata como a imprensa não se cansa de rotulá-lo, pois não condiz com o perfil das pessoas que realizam tais atos. Pois um psicopata é um sujeito com um distúrbio mental grave caracterizado por um desvio de caráter, ausência de sentimentos genuínos, frieza, insensibilidade aos sentimentos alheios, manipulação, egocentrismo, falta de remorso e culpa para atos cruéis e inflexibilidade com castigos e punições, ou seja, o cara já nasce ruim e possui um comportamento adverso deste cedo.
O mais adequado é classificá-lo como um sociopata, os sociopatas são caracterizados pelo comportamento impulsivo, desprezo por normas sociais, e indiferença aos direitos e sentimentos dos outros. Não raramente os sociopatas têm um comportamento agressivo e indiferente que varia de caloroso para frio ou cruel dependendo de como quiser manipular, donos de uma inteligência acima da média e possui uma variedade grande de talentos, a maioria dessas pessoas tem uma família desestruturada ou tiveram uma infância difícil, e quando atingem o fim da adolescência ou início da fase adulta, utilizam comportamento violento como meio de se "vingar" do passado, inconscientemente.
Erik e Dilan os assassinos de Columbine
Pois assim como o ocorrido no caso do Rio de Janeiro e os casos nos Estados Unidos (veja os casos ocorridos em Columbine e na Universidade Virgínia Tech), os assassinos tinham algo em comum sofreram Bullying nas instituições na qual realizaram os assassinatos. 
Em todos os casos analisados, precede a ocorrência de uma violência específica presente em todas as escolas: o Bullying, que tem como definição o conjunto de atitudes agressivas, repetidas e sem razão aparente que causam sofrimento. Estamos falando do isolamento intencional, dos apelidos inconvenientes, da amplificação dos defeitos estéticos, do amedrontamento, das gozações que magoam e constrangem, chegando à extorsão de bens pessoais, imposição física para obter vantagens, passando pelo racismo e pela homofobia, sendo “culpa” dos alvos das agressões, geralmente, o simples fato de serem “diferentes”, fugirem dos padrões comuns à turma.
Cho Seung-Hui, 23, matou 30 pessoas em Virginia Tech

Os alvos dessa violência velada sofrem caladas e de forma contínua, tornando sua vida escolar um martírio. As chagas abertas na alma desses meninos e meninas dificilmente cicatrizam.
Ganham a pecha de “estranhos”, neles é colocado a culpa do isolamento, não incomum vestem-se de forma a mostrar sua degradação psicológica. Em geral, os adultos – pais, professores e direção – não reconhecem ou não valorizam da devida forma essas agressões contínuas.
No Brasil, com as exceções citadas, a válvula de escape da vitimização extrema é a evasão escolar. Nos Estados Unidos, reunindo-se o sofrimento da vítima com uma sociedade de alta competição e extremamente belicista, o homicídio seguido do suicídio é visto como a solução vingativa para quem não vê mais razão em viver. Matam indiscriminadamente: os seus agressores e aqueles que não intervieram para que seu sofrimento cessasse.
Não se trata de justificar o injustificável, nem defender o criminoso. Mas qualquer análise desses crimes sem este prisma, sem analisar a contribuição que a comunidade escolar deu para que esses fatos ocorressem, será uma análise absolutamente afastada da realidade e pouco contribuirá para a busca de soluções.
Fontes: Mário Felizardo, Jornal Zero Hora do dia 20/04/2007.

Eu já relatei em outro post que a sociedade atual esta criando uma geração de perturbados mentais, pois a pressão gerada na obtenção de sucesso profissional/financeiro, do qual a simples possibilidade de fracasso leva as pessoas de certo modo à loucura, e para combater esta “paranóia” a grande maioria busca refugio  (fuga desta realidade) no álcool, em medicações e nas drogas.
O problema é muito maior do que o noticiado na mídia, pois em ambientes sociais como as instituições de ensino, no período da infância e adolescência no qual é formado o caráter e a personalidade da pessoa, sofrer bullying neste período afetara e muito a vida inteira destas pessoas.  
Por ter sentido na pele a maldade da qual crianças (adolescentes) podem ocasionar na outras, apenas pelo fato de ser diferente (era muito magro, tinha problemas de dicção e timidez) sei o que o isolamento pode ocasionar na pessoa.
Sempre buscamos amizades para poder ao menos suprir a necessidade de querer expressar os seus problemas, suas dificuldade, seus desejos, no entanto quando tal “confidencia” é realizada e o suposto amigo acaba usado estas informações para lhe agredir moralmente, a tendência e que você se isole cada vez mais e desconfie de todos. Isolei-me, do pessoal da escola e de minha família (sim, tinha parentes que conseguiram realizar a façanha de piorar minha situação), passei a ter um comportamento de indiferença para aqueles da qual não tinha simpatia. Tive a sorte de realizar o segundo grau longe de parentes e das pessoas que atormentaram no primeiro grau, não que o segundo grau tinha sido diferente, tinha sim, uns idiotas que me perseguiam, no entanto tive a possibilidade de participar de alguns grupos sociais. Mas ainda tinha aquele comportamento de indiferença às pessoas de fora de meu grupo social e até hoje mesmo sabendo que é isto somente me prejudica, inconscientemente ainda me comporto desta forma. 
Esta conduta me gerou graves problemas de relacionamento, sejam eles no âmbito profissional, social ou amoroso, para ser ter uma dimensão do problema, o simples ato de falar bom dia, boa tarde ou boa noite, cordialidade tão corriqueira para maioria das pessoas, eu o vejo como um exercício de superação diária.
Como relatado até hoje sofro com os problemas ocorridos na minha infância e adolescência, mas, no entanto, o fato de possuir poucos amigos e de ter uma família (mesmo que turbulenta) que me apresentou valores sejam eles sociais ou religiosos, da qual levo comigo até hoje, e mais importante, de que ainda estão presentes em minha vida, me tornou uma pessoa que somente faz mal para si própria. Vai ver foi isso que faltou aos rapazes que cometeram tais atos brutais, e que a sociedade de forma hipócrita adora rotular-los como monstros e acha inaceitável e não entendem tais ato.
Mas será que esta mesma sociedade procurar saber como seus filhos são tratados nas instituições de ensino? procuram dialogar com seus filhos? apresentam valores dignos para formar um cidadão de bem? ou apenas cobram boas notas ou então apenas o diploma, ou nem isso, cuidado sociedade pois o próximo assassino pode estar sendo formado dentro de sua própria casa.

Um comentário:

  1. Gostei do post Cleber, principalmente pela sua coragem de assumir os seus fantasmas do passado. Tenho um filho de 04 anos e ler artigos como este me acrescentam no processo de criação do meu filho, os pais geralmente só se preocupam em criar pessoas bem sucedidas, ate mesmo para se encostarem neles no futuro, a preocupaçao com a formaçao psicologica das crianças inexiste. Fica ai um alerta para toda sociedade.
    Parabéns pelo post

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