quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Cinema: Cisne Negro



A dualidade da psique humana a tempos objeto de estudo do comportamento humano, dos quais afirmam que todos temos um lado bom e outro ruim, Aristóteles de forma simplista os definiu como preto e branco, no Oriente é vista  como Yin e Yang, que diz que forças opostas se complementam e equilibram… as trevas não existem sem a luz e vice-versa, na Psicologia tal dualidade contrastadas à estímulos externos, podem nos tornar um serial killer ou então um benfeitor, ou seja estes lado estão sempre em conflito em nossa psique.  
O filme Cisne Negro (Black Swan, 2010) demonstra de forma bem sutil este conflito psicológico em um universo onde beleza e perfeição caminham juntos, o balé, dirigido magistralmente por Darren Aronofsky, o mesmo dos excelentes Pi (1998), Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream, 2000), Fonte da Vida (The Fountain, 2006) e O Lutador (The Wrestler, 2008).
Cisne Negro conta a historia de Nina Sayers (Natalie Portman), uma bailarina tecnicamente perfeita que consegue o papel principal numa versão do balé O Lago dos Cisnes, coreografada por uma companhia de Nova York. Ela é adorável, frágil, meiga, e por isso mesmo perfeita para o papel principal. Mas seu excesso de técnica deixa sua interpretação do Cisne Negro - a gêmea má do Cisne Branco - um tanto quanto truncada, sem personalidade, (...) Você é perfeita, mas sua dança é mais fria que uma geladeira (...), chega a dizer para ela Thomas Leroy (o ótimo Vincent Cassel), o coreógrafo da companhia de balé. O filme é basicamente o processo de desconstrução dessa perfeição. E para complicar as coisas, surge Lily, uma bailarina justamente com o perfil extrovertido que Thomas deseja, e desprovida de qualquer tipo de milimetrismo técnico. Ela age sobre Nina como uma flutuação magnética age sobre uma pilha de pregos enfileirados, desestabilizando tudo, prestes a mandar o equilíbrio dela pro chão.
Mas as ações das duas vão se fundindo, Nina aos poucos vai perdendo o senso de realidade, tem constantes alucinações, aparece com ferimentos misteriosos, vê a si mesmo em espelhos, ao mesmo tempo que sua obsessão pelo papel alcança níveis estratosféricos. Essa constante dualidade entre as duas - Lily é real? É fruto da mente de Nina? - é uma das molas-mestra do filme, assim como os delírios psicológicos e seu modo de tentar destruir seu excesso de técnica mecanizada.
  O filme é um thriller psicótico, que prende a sua atenção do inicio ao fim da película, em alguns momentos é perturbador, acompanhar angustiante rotina de Nina com a pressão de interpretar o Cisne Negro. O filme destaque-se pelo ótimo roteiro, excelente direção e interpretações memoráveis.